sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Anatomia de uma apresentação

Por Susan Stavros Castelhano

Uma apresentação pode ser dividida em várias partes, ou pode seguir a regra geral de uma estrutura de três partes. No começo, introduz-se o tema que se quer apresentar. Este será inserido no meio e para finalizar, faz-se um resumo do que foi apresentado. Portanto, uma apresentação tem começo, meio e fim.
A estrutura de uma apresentação deve ser como segue:

1. Introdução
2. Corpo
3. Resumo e conclusão

O conteúdo dos detalhes do tema deve ser incluso no CORPO da apresentação já descrita na introdução. Para uma estrutura mais clara que ajude a platéia a acompanhar as informações E lembrar-se delas, o CORPO pode ser dividido em varias partes. A divisão pode ser feita assim:

1. Introdução
2. Corpo de informações
Primeira parte – a – b
Segunda parte – a – b
Terceira parte – a – b
3. Resumo/Conclusão

Preparação de uma apresentação:

* Identificação pessoal, especialidade, cargo/ocupação, etc.
* Assunto/Tema do Evento
* Uma síntese do tema e sua estrutura.
* Objetivo do seu TEMA, o que será apresentado.
* Referencia do tipo de apoio visual que se planeja usar.
* Referencia ao tempo da apresentação.
* Referencia às perguntas e discussão.
* Resumo e conclusão.

Identificação pessoal, especialidade, cargo/ocupação, etc:

A indentificação deve ser simples e breve. Você deve agradecer o(a) presidente(a) da mesa, cumprimentar a platéia/ouvintes, identificar-se e, em seguida, iniciar. Pode-se seguir o exemplo abaixo:

Obrigado, Sr. (Sra.) Presidente(a)
Bom dia/boa tarde, senhoras e senhores
(Se for necessário ou apropriado, diga o seu nome completo, sua especialização e sua origem.)
É um prazer estar aqui com vocês para falar sobre...

Assunto/Tema do evento: Deve ser algo que chame a atenção dos ouvintes e desperte curiosidade.

O tema da minha apresentação se refere a...
Gostaria de falar e discutir a respeito de...
O tema deste encontro trata-se de...
Vou falar sobre...
Quero falar algumas palavras a respeito de...
Meu assunto hoje se refere a ...

Uma síntese do tema e sua estrutura:

Dividi minha apresentação em (três) partes...
Minha apresentação será feita em três partes...
Vou dividir a minha apresentação em...partes...
Na primeira parte, vou falar sobre...
Na segunda, vou tratar de...
Por último, (Finalmente) apresentarei...
Ou
Em primeiro lugar...
Em seguida,
Dando seqüência...
Por fim...
Ou
O primeiro ponto a ser abordado será...
O segundo se refere a ...
E por último, gostaria de resumir (ou falar sobre)...

Objetivo do seu tema, o que será apresentado:

Explique aqui se será utilizado qualquer outro tipo de material além do equipamento de apoio visual.

Referência ao tipo de apoio visual que se planeja usar:

Vou utilizar, também, material visual para dar suporte à minha apresentação...
Será utilizado material visual para melhor expor a minha apresentação...

Referência ao tempo da apresentação:

Minha apresentação levará 20 minutos...
Esta apresentação deverá levar cerca de 20 minutos...

Resumo e conclusão:

Bem, (Portanto,) com isso já estou chegando ao final do meu tema. Gostaria de resumir os pontos principais que foram abordados...
Ou,
Isto conclui a parte principal do meu tema. Agora, gostaria de resumir os principais pontos desta apresentação...
Ou,
Gostaria de finalizar este tema enfatizando algumas observações com base no que foi discutido...
Ou,
Agora, gostaria de encerrar esta apresentação com uma breve conclusão...
Ou,
Isto encerra o meu tema. Muito obrigado.
Ou,
Gostaria de encerrar (esta apresentação) dizendo...
Ou,
Antes de concluir esta apresentação gostaria de dizer...
Ou,
Gostaria de encerrar este tema com
o um resumo dos pontos principais
o uma breve conclusão

Planejamento e preparação para uma apresentação mais eficaz:

Preparação de uma apresentação:

1. Competência: Conhecimento do assunto e habilidade para repassar essas informações aos ouvintes.
2. Dinamismo: Estilo dinâmico. Algumas apresentações podem ser muito competentes em vários aspectos mas são monótonas (cansativas)!
3. Coordenação: Seqüência da estrutura do tema e do manuseio do material visual.
4. Entusiasmo: O orador deve deixar bem claro a importância do assunto para a sua platéia.
5. Clareza: Tanto o discurso quanto o material visual devem ser apresentados de forma clara e compreensiva.

Possíveis perfis de uma platéia que poderia afetar uma apresentação:

Nível ou conhecimento técnico – Expectativa – Porte da platéia (ou número de pessoas).
Habilidade de concentração.
Capacidade para se lembrar (recordar) – Interesse e comprometimento

Competência do orador e técnica:

1. Conhecimento
2. Técnica da apresentação
1. competência
2. organização
3. entusiasmo
4. clareza
3. Como evitar técnicas de apresentação ineficientes:
1. Fique atento ao tempo estipulado
2. Cuidado com material visual fora de seqüência ou exibido no momento errado.
3. Evite ler textos ou ficar confuso
4. Não fale rápido demais
5. Não perca suas anotações
4. Pontos importantes a serem lembrados:
* Objetivo da apresentação
* O que se espera alcançar
* Informe-se sobre a sua platéia (perfil, nível, interesse, etc.)
* Escreva sua apresentação
* Verifique a linguagem (gramática, estilo, consistência)
* FAÇA-A DE MANEIRA SIMPLES (USE A SIMPLICIDADE)
* Decisão do tipo de material visual
* Verifique os equipamentos
5. Conteúdo:
* O que incluir
* Duração/extensão (profundidade de detalhes técnicos dependendo do nível da platéia)
6. Seqüência:
* Início, meio, fim, resumo
7. Apresentação:
Estilo:
* formal/informal
* entusiasmo/confiança
* clareza

1.

Tom (voz):
* variável/volume
* pausa/velocidade

Linguagem (expressão) corporal:
* contato com o olhar
* gesto/movimento
* postura (não fale de costas para sua platéia)

1. Material visual:
Tipo / ordem / nitidez / prática
2. Anotações / apresentação / linguagem
1. simples / clara
2. ortografía
3. duração
4. símbolos ou sinais das idéias-chave (idéias principais) da estrutura

Em um congresso médico é possivel que a expectativa seja a seguinte:

1. Provavelmente muito formal.
2. Muita expectativa em termos de suporte técnico com grande quantidade de detalhes.
3. Alto nível de conhecimento específico – platéia de profissionais.
4. Uso de suporte visual com informações essenciais com possíveis publicações futuras (no caso de procedimentos do congresso).

Material Visual:

Tipos de suporte visual:

Video/Filmes
Fotografias
Diagramas
Mapas ou Quadros
Gráfico de setores
Tabelas
Gráfico Linear

Gostaria de mostrar a vocês...
Dê uma olhada neste gráfico (nesta tabela, etc.)
Aqui, podemos ver...

É preciso certificar-se de que o material visual esteja bem preparado, bem escolhido e claro. Procure mantê-lo ao mínimo – o padrão é um por minuto. Nunca exiba um material até que você esteja pronto para falar a respeito, do contrário você pode ficar confuso (ou atrapalhado).

* O material visual ajuda a fixar as informações na memória.
* Mostre as informações que você não consegue expressar com facilidade em palavras.
* Realce as informações e as partes do material visual mais significativas.
* Desperte a atenção da platéia para absorver as informações utilizando recursos audio-visuais.
* Organize o assunto de maneira diversificada para aumentar interesse da platéia.
* Economize tempo.
* Esclareça informações complexas.
* NÃO FALE DE COSTAS PARA SUA PLATÉIA
* Nunca faça do visual a principal atenção.

Técnicas de apresentação:

Oradores devem sempre apresentar-se de pé caso não esteja utilizando recursos de computação. Em apresentações mais demoradas, permite-se sentar para expor algum segmento.

Se houver um pódio, os oradores não devem se movimentar. Normalmente, um pódio limita movimentos.

Muitas vezes um movimento é prático e desejável.

Você deve sempre olhar para sua platéia e para as diferentes pessoas.

Certifique-se, sempre, com seus organizadores, de que todos os equipamentos estejam funcionando.

Ao usar transparências com retro-projetores, use sempre um bastão.

Ao usar um bastão na tela, lembre-se de não ficar se movimentando.

Tente não usar um "script"; o uso de fichas com dicas é mais facil.

O uso de anotações é permitido. Certifique-se de que haja suficiente contato com a platéia.

Uma boa apresentação se assemelha a uma atuação teatral – você precisa ser um ator. Se seu tempo estiver esgotando, acelere sua apresentação mas de forma concisa e consistente.

Como falar em público

Escutatória

Por Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.


Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver e preciso que a cabeça esteja vazia.

Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás, duas mulheres conversavam. Uma delas contava para a amiga os seus sofrimentos. (Contou-me uma amiga, nordestina, que o jogo que as mulheres do Nordeste gostam de fazer quando conversam umas com as outras é comparar sofrimentos. Quanto maior o sofrimento, mais bonitas são a mulher e a sua vida. Conversar é a arte de produzir-se literariamente como mulher de sofrimentos. Acho que foi lá que a ópera foi inventada. A alma é uma literatura. É nisso que se baseia a psicanálise...) Voltando ao ônibus. Falavam de sofrimentos. Uma delas contava do marido hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, das injeções na veia - a enfermeira nunca acertava -, dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato chegou ao fim, esperando, evidentemente, o aplauso, a admiração, uma palavra de acolhimento na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o seguinte: “Mas isso não é nada...“ A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira.

Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.“ Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não “evangélico“), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.“ Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.“ Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.“ E assim vai a reunião.

Há grupos religiosos cuja liturgia consiste de silêncio. Faz alguns anos passei uma semana num mosteiro na Suíça, Grand Champs. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos para, juntos, escrever um livro. Era uma antiga fazenda. Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz onde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio, não total, mas de uma fala mínima. O que me deu enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Também para comer é preciso não ter filosofia. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Mas logo fui informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde. Estremeci de medo. Mas obedeci. O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos na madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminado por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em “U“ definiam um amplo espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio, nuvens escuras cobriam o céu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram. Estranhei. Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providências. Todos continuavam do mesmo jeito, sem nada fazer. Ninguém que se levantasse para dizer: “Meus irmãos, vamos cantar o hino...“ Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio. E eu comecei a me alimentar de silêncio também. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. E música, melodia que não havia e que quando ouvida nos faz chorar. A música acontece no silêncio. É preciso que todos os ruídos cessem. No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que Debussy musicou. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Me veio agora a idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto... (O amor que acende a lua, pág. 65.)